UM CONTO DE NATAL
Naquela manhã, véspera do Natal, sai pela cidade toda enfeitada e colorida. Em cada loja que passava, meus olhos de adolescente, mas com olhar de criança, vibravam de emoção. No dia anterior, como todo ano faziamos, mamãe reunia toda família para montagem da árvore de natal. Pela casa, enfeites por todos os lados. Entretanto, uma tradição que vinha desde os tempos de vovó, começávamos a montar a árvore 10 dias antes, e terminávamos exatamente na manhã da véspera de Natal. Eu, e meus irmãos pequenos vibravamos de tal maneira, que nem percebemos o olhar triste de papai e mamãe. Um sorrriso fraco, escondido, quase transformado em choro. Naquele Natal papai estava desempregado. A empresa multinacional na qual trabalhava fechou as portas no Brasil, tendo em vista os altos impostos que era obrigada a recolher para um governo corrupto e fraudulento. Com isso, aqueles funcionários do alto escalão que eram do país de origem, voltaram e continuaram empregados. Os demais, como papai, foram demitidos. Pagaram todos os direitos que tinham a receber. Entretanto já fazia quase um ano que ele estava parado, e a reserva financeira já estava no fim. Por isso, naquele ano, seria um Natal bem simples. Sem presentes suntuosos. Apenas uma lembrança, para não deixar passar em branco. Continuei meu caminhar pelas ruas do centro da cidade e olhava vitrine por vitrine. Uma mais linda que a outra. A rua então! Naquele ano, a Prefeitura não economizou dinheiro. Também pudera! O Prefeito, que estava sendo acusado de desvio de dinheiro, prevaricação, suborno, e participação em licitação fraudulenta conseguiu safar-se da cassação. Conseguiu, "por milagre", ver seus processos todos arquivados pela Câmara Municipal. Então, tudo era mágico, lindo, como em um conto de fadas. E, no meu caminhar, pensava: - Hoje, muitas crianças vão ganhar o presente de Natal escolhido. - No entanto, eu e meus irmaõs não ganharemos. - Um pouco de frustração invadiu o meu ser. Eram 14:00 horas. Resolvi sentar-me no banco da praça e ficar ouvindo os corais que por ali se apresentavam, no meio da praça toda ornamentada. Meu pensamento então foi longe, bem longe... E, sentado naquele banco, nem percebi quando alguem sentou-se ao meu lado. Ele era alto, um corpo forte, e um cabelo até que um tanto comprido. Pensei: - Será que é algum bandido, sequestrador ou viciado? - Nesses tempos loucos todo cuidado é pouco, pensei. Então, depois de algum tempo em silêncio, falou: - Que se passa garoto? - Hoje é Natal! Comemore! Vibre! - Vais ganhar um presente hoje, acredite! Então, com a voz embargada, olhos marejados e com um pouco de raiva disparei: - Presente vou ganhar, como meus irmãos também vão. Só que não vai ser o que eu quero, infelizmente. - Por isso, não tenho muito a comemorar. - Em casa estamos passando por dificuldades. - Meu pai, que trabalhava em uma multinacional, foi demitido. E, faz um ano que entra de empresa em empresa levando seu curriculo e somente promessas vãs. - Belo Natal não acha? - E ainda ouvi ele comentar com mamãe que teriamos que cortar despesas ainda mais. - E depois falam que Natal é tempo de agradecer, comemorar, elevar pensamento ao aniversariante que é Jesus. - Olha, sinceramente, trocaria o meu presente em favor de um emprego para papai. - Um homem inteligente, honesto, trabalhador. Nunca deixou faltar nada em casa. Sempre nos ensinou que o caminho da virtude é a honestidade. - E, o que vemos hoje? - Somente aqueles que levam vantagem, os que roubam do povo, principalmente alguns políticos, que acredito, a mesa deles hoje à noite será farta, com o bom e do melhor, só que às custas do dinheiro alheio. Um silêncio. Então o homem começou a falar, olhando diretamente em meus olhos: - Caro menino, a humanidade que se diz Cristã, comemora o Natal de uma forma estranha. E, 25 de dezembro. não é o dia que o Filho da Luz nasceu encarnado em um homem. - Sabia que todos os enfeites que você vê pelas ruas, principalmente a árvore de natal nasceu em festas pagãs na antiguidade? - E o que tem a ver eu com isso, falei. - Claro que não tem a ver nada com isso. Mas parte da humanidade que se diz cristã esqueceu do maior mandamento, que é o amor, o respeito, o perdão e a caridade entre eles. - Esqueceram do verdadeiro chamamento do Eterno Pai Celestial. À medida que o homem ia falando, uma paz estranha, mas muito boa começou a entrar em minha alma e espírito. Parecia até que estava em outra dimensão, tamanhã era a paz que sentia. - O Natal, prosseguiu o homem, deveria ser um elo entre criatura e criador. No entanto, não é isso que vemos. - Quantas discórdias existem nesse dia entre as famílias. - E, quanto ao seu presente de natal desejado, saiba que milhares de crianças no mundo não possuem pelo menos um lar que as abrigue. Uma família que lhes de amor, carinho e compreensão. - Pense nisso! - Abra seu coração para as coisas de Deus, entregue-se primeiro a Ele, e somente depois as coisas do mundo. - Verás maravilhas acontecerem em sua vida. - Não chores por não ganhar o presente desejado, pois o maior presente já recebestes, que é a vida, onde, cada minuto que você vive nesse planeta existe a chance de mudança. Basta querer. - Arranque do seu coração a raiva, angústia e depressão, pois isso não te ajuda em nada. - Lembre-se daquele que deu a vida por todos, e somente uma pequena porção deles vivencia corretamente seus ensinamentos. Olhei para aquela criatura em minha frente. Senti que alguma coisa dentro do meu ser havia mudado. Parecia que havia nascido novamente. Com isso, ficamos na praça até quase ao anoitecer. As luzes multicoloridas já estavam ascendendo. - Bem vou indo, disse. - Minhã mãe já deve estar preocupada. - E, então, já escolheu realmente o seu presente menino? - Olha, o melhor presente seria meu pai arrumar um novo emprego. Penso que o resto depois vem. - Acreditas em um Deus misericordioso e justo? - Sim. - Se estiveres falando com toda sinceridade ele fará maravilhas em tua vida. - Sim! Se já acreditava Nele, agora passei a acreditar mais, muito mais. - Então vá.quem sabe terás uma surpresa ao chegar em casa! - Para Deus, tudo é possível, e até o impossível acontece, quando formos merecedores. - Ok. Vou indo então. Um Feliz Natal para o Senhor....Senhor.... - Para ti também menino! Saimos praticamente os dois juntos. Um para cada lado. Virei-me rapidamente, - Ei Senhor como é o seu nome??? Havia desaparecido completamente. Anoiteceu totalmente. Apressei-me a voltar para casa. Ao aproximar-me dela, observei todos os cômodos acessos, e um vozerio dentro dela. - Meu Deus o que aconteceu?? Fiquei preocupado. Chegando ao portão, mamãe e papai correram a me receber juntamente com meus irmãos. - Meu filho um milagre aconteceu, disse papai emocionado. - Que foi pai???? - Logo depois que você saiu recebi telefonema daquela grande empresa nacional. Elas analisaram o meu curriculo, minha entrevista e disseram-me que começo a trabalhar já dia 26 de dezembro!!! - Aquele sorrir de papai novamente voltou. Seus olhos novamente voltaram a brilhar. - E o salário papai? É bom? - Filho, o que me ofereceram chegou quase que praticamente o que eu ganhava na outra empresa! Feliz fiquei, mas ao mesmo tempo lembrei-me daquele homem na praça, que nem seu nome fiquei sabendo. Entramos, e uma linda mesa já estava preparada para a ceia. Dirigi-me ao meu quarto, ajoelhei-me. Pedi perdão por ter sido fraco em não acreditar na magnificência do Deus Sempiterno e depois agradeci, e tive a certeza de que, aquele homem a qual conversei nada menos era do que Ele, Jesus de Nazaré. Um Feliz Natal a todos do planeta Terra. Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 20/12/2011
Alterado em 20/12/2011 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |