Lembro-me de forma saudosa dos carnavais de outrora.
Daqueles em que as marchinhas e sambas rolavam soltos nas praças e salões. Cerveja gelada! Sorriso nos olhos. Alegria sem fim. O flerte em alta. Que alegria era poder desfilar nos blocos. Animação total. Em minha querida Catanduva, havia dois famosos: "Bloco Ressurreição" e "Os Encalhados". A concentração então, nem se fala. Já era uma festa só. Depois do desfile a turma se dispersava. Clube de Tênis, Sindicato, Clube Higienópolis e Sesc, na cidade. Carnaval dos bons também nas cidades em volta. A festa começava na sexta a noite, terminando na quarta-feira de cinzas pela manhã. E acreditem, tinha um gosto de "quero mais". Hoje, olhando para o passado, mas com os olhos mirando o presente e futuro, observo que, há alguns anos a festa banalizou-se, escandalizou, apodreceu. Naquela época apenas o cheiro leve do perfume da Colombina. Hoje, cheira a drogas e outras coisas que não convém aqui escrever. Que pena! Um frisson fantástico entrava em nossas almas e em nossos corações ainda jovem, cheio de vigor e com vontade sempre de quero mais. Já em 01 de janeiro iamos nos ensaios das escolas de samba. - Uma gelada ai Zeca! Era uma, duas, três... perdia-se a conta. Ninguem de fogo. Respeitavamos o semelhante. O Comissário de Menores às vezes olhava feio. E era só isso. Queriamos mesmo era curtir o momento mágico que se aproximava. Entretanto, o tempo foi passando e o mundo se transformando. O carnaval também, infelizmente não evoluiu. Regrediu, virou pó. Hoje olho essa juventude que muitas vezes saem noite afora (não são todos os jovens) para beberem até que entrem em coma alcóolico. As garotas reclamam: - Bebem demais! - Falam de menos! - Fazem nada! Não posso também deixar de registrar que, no sábado à noite, faziamos uma pausa de 1 hora nos festejos, e iamos à igreja assistir missa e pedir a benção do padre, rogando proteção divina. - Deus te abençoe meu filho! - Manera na bebida hein moçada! - Obrigado padre! Bom carnaval! E assim o tempo, senhor de tudo e que comanda nossas vidas, observava, e continua a observar a transformação, a metamorfose, o fim de uma época romântica, para ver o início de uma era de libertinagem desmedida, sem freio, sem pudor. Onde isso vai dar? Nem o tempo sabe. Somente observa ele mesmo o caminhar da história e muitas vezes chora pelos rumos que as coisas caminham. Hoje o Pierrô continua a procurar sua Colombina. Com uma diferença: Naquela época conseguia encontrar. Hoje, sabe Deus se conseguirá ao menos vê-la. Provavelmente não. Então, chorando, volta para casa, guarda a fantasia e vai dormir, sonhando com os carnavais de outrora, pois nos sonhos ele sempre vem, com um misto de alegria, saudade e esperança de que, no próximo ano, em algum lugar do futuro, que se tornará presente, ele encontre com outros pierrôs e colombinas e façam um carnaval de alegria, entretenimento e paz, e algumas loiras geladas. Pelo menos elas ficaram, não importando a marca, pois segundo o poeta, depois da terceira, qualquer uma serve. Bom carnaval a todos, com moderação! Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 05/02/2016
Alterado em 05/02/2016 Copyright © 2016. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |